terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Ainda há exemplares!

Ontem à noite, indo ao supermercado com o César, acabei encotnrando a Amalyn e paramos para tomar uns chopes e conversar um pouco antes de continuar a seguir o rumo. Seguindo orientação da Amalyn, considerando a velocidade do esquecimento nos tempos atuais, ainda que brevemente pois não consegui parar em frente ao computador, faço um apelo: LIVROS!

Como estamos próximo ao Natal, época em que se compram dezenas de presentes, Livros são uma boa alternativa. Principalmente se forem os meus (ao menos para mim). Sei que já está um pouco em cima da hora, afinal falta menos de uma semana, mas só agora fui iluminado com essa ideia. Antes eu me esforçava para lançar o Livro de Um Desconhecido em tempo hábil, mas não foi possível e ele deverá chegar ao Brasil apenas em fevereiro, pois está na gráfica em Portugal.

Mas, queria lembrá-los que ainda tenho exemplares dos três livros de poemas. Os que ainda não adquiriram nenhum tem essa oportunidade. Os que leram tem agora chance de presentear amigos e parentes com a literatura. Caso ainda não conheça as obras, para descobrir qual mais o agrada, consulte no blog www.mil-l.blogspot.com à direita, na página dos títulos: O Eu mais íntimo, Pretérito Mais Que Presente, Vida e Poesia
Os livros foram publicados nessa ordem e o preço é, na contra-mão do costumeiro, definido pelo comprador. Apenas a título de parâmetro para se calcular um preço justo, conforme muitos pedem, informo que o custo de cada um deles foi de, respectivamente R$13, R$15 e R$15.

Dê livros de presente e ajude a salvar o livro do abandono em que se encontra, demonstrado na crônica do Dia Nacional do Livro. Estimule o prazer da leitura e o pensar e sentir pela literatura.

Escolha o livro que quiser no blog e me contate para que eu entregue os exemplares, pessoalmente ou por correio.

Ah, toda ajuda de divilgação será bem-vinda. Sigam o blog em "participar deste site", à direita na página do blog ou clicando aqui e curta também a página de autor no facebook acessando pelo endereço www.facebook.com/DiegoMileli1

Espero pela encomenda!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Apresentação do Livro de Um Desconhecido

Infelizmente não tenho podido escrever tão frequentemente como gostaria. Essa rotina de estudar e trabalhar é cansativa e pouco tempo sobra para atividades fora dessas obrigações. Fui inventar de voltar a estudar... Pior que até agora não consegui terminar a novela que já há muito concluí, só falta passar para o papel, nem pude dar andamento a outros projetos ou sequer lembrar como se toca violão. Mas isso não importa.

Vim aqui tentar amenizar esse silêncio, se é que é possível amenizar um silêncio. Pois bem. O Livro de Um Desconhecido, tão prometido, já deve estar a cansar muita gente. O tempo todo falo dele, digo que ele existe, que está por vir, mas nada de concreto. Onde estao os exemplares impressos?!

Muita calma! O arquivo já foi enviado para a gráfica! Ainda no primeiro trimestre, quiçá fevereiro, estará disponível para leitura, compra, etc. Como ainda faltam dois meses até lá, creio ter quase um dever moral de antecipar mais um pouco. Então, compartilho as palavras do Poeta, comunicólogo, mantenedor do Prosa em Poema, que presta um grande trabalho de divulgação da Literatura contemporânea, mormente lusófona, sem faltar com textos consagrados e homenageia os mais diversos autores. Logo nas primeiras páginas do Livro de Um Desconhecido, figurará a opinião de Paulo Sabino, apresentando-o, que tive a horna de poder fazer constar da minha futura obra (que já é até passado, quase). Enquanto aguardam, podem criar ou desfazer expectativas com a Apresentação. Eis:

O livro de estreia de Diego Mileli como contista mostra, já no prefácio, que o escritor não veio para brincadeiras.

Arte, aqui, é assunto sério e, como tal, precisa ser cuidado e trabalhado com atenção e sem meias verdades. O autor não admite concessões de espécie alguma quando se trata da abordagem e dos assuntos tratados nos contos que formam o "Livro de um desconhecido".

A começar pelo seu início: a desnecessidade da obra, para o próprio autor, é latente; é como se, para o próprio Diego, fosse um "erro" a existência da literatura. Mas a necessidade existente, no autor, de escrever a sua obra, fala mais alto. E essa necessidade de escrevê-la, de escrever a obra, ao invés de deixá-la inacabada, e essa necessidade de traçá-la ao invés de largar os escritos pela metade, acaba por transformar o ato da criação em um ato de cobardia. Pela falta de coragem para desistir de tudo, o homem escreve e faz literatura.

O ato de escrever como o ato de cobardia: a falta de coragem de homens, que podem achar-se corajosos porque escrevem, é desmascarada. Escrever, segundo Diego Mileli e Bernardo Soares (um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa), é um ato para os fracos.

Há, durante toda a obra, o interesse (ainda que implícito) de ir revelando, de ir desmascarando, de ir mostrando, que, no fundo, somos feitos de fortalezas porém de fraquezas muito mais, que, no fundo, somos frutos de um processo natural de seleção e que achamos que estamos "acima" desse processo natural de seleção. O homem pode terminar com as condições necessárias à sua própria sobrevivência e ainda não se deu conta disso, apesar de todas as previsões, apesar de todos os pesares causados por um processo desastroso de industrialização e produção de "riqueza". A dizimação do planeta que nos acolhe, pelo visto, está longe de parar.

Se, como propalado aos quatro ventos, somos feitos à imagem e semelhança de um ser superior a que chamamos "Deus", o conto "Gênese" deixa claro que esse "deus" que nos criou à sua imagem e semelhança sabia bem o que estava fazendo, mesmo que não imaginasse, bilhões de anos após a nossa criação, do que seriam capazes as suas criaturas de fazer com a Terra. No conto, "Terra" é a esposa de Deus Pai Todo Poderoso, a grande responsável pelo surgimento das belezas mundanas no planeta que é batizado com o seu nome.

Em "Breve história da humanidade", há um histórico resumido do modo como fomos arquitetando o conjunto de padrões comportamentais e de obrigações que denominamos sociedade, resultando nos valores e nas ações sociais tais como "roubo", "justiça", "propriedade", "exclusão social", "prostituição", "traição", "família" e "adultério". 

O encontro de sociedades diferentes culturalmente mais a destruição e os distúrbios ocasionados pelo etnocentrismo estão presentes em "Mitologias apócrifas", conto que narra a chegada de um estrangeiro em um povoado que tem o seu cotidiano totalmente modificado - para pior - depois das novas regras, dos novos conceitos e dos novos valores embutidos pelo estrangeiro na tal sociedade por ele descoberta. São reveladas as dificuldades que as sociedades humanas têm, desde sempre, em lidar com o que é diferente, geralmente destruindo aquilo que estranha e desconhece.

Há espaço também para as mazelas de uma vida moderna, onde as pessoas brigam com o relógio - porque não sobra tempo para nada, apenas para o trabalho e para as obrigações individuais - e esquecem de conhecer aquele que está ao seu lado, aquele que, de repente, passa todos os dias pela gente sem que a gente se dê conta - um vizinho, por exemplo. São tantos os afazeres de uma vida moderna e urbana que alguns valores são deixados para trás no meio de tanto corre-corre. 

Os contos realçam nuances de uma sociedade onde todos preocupam-se, antes e apenas, com os seus problemas e seu bem-estar, onde os valores incentivados estão embebidos, estão encharcados, de doenças sociais: os preconceitos, as injustiças sociais, a desvalorização da vida. 

A arte dos contos de Diego Mileli manifesta-se sem aspirações de adoçar a boca (e os olhos) dos leitores com linhas açucaradas, onde os sorrisos desabrochem no porvir das páginas. 

E é melhor que assim o seja. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ontologia Poética



Alguns amigos, por um motivo ou outro, às vezes me atribuem o predicado de poeta. Terrível como isso pode conceder uma liberdade maior que a dos demais ou, por outro lado, nos prender a monstruosas obrigações, assombrosos, imperiosos obrigatoriedades e conheceres.
 
Em certas ocasiões, ajo de uma forma pouco convencional ou penso algo que seria reprovável ou estranho, distorço o idioma e subverto-lhe as regras para adequá-lo à minha vontade. Sou, porém, absolvido da agressão ao idioma, ou à moral, ou aos bons costumes. Se me desculpo pela mácula que derramei sobre tais regras, dizem: “Ah, mas você é poeta. Tudo bem!”

Noutras situações a condição de poeta é em benefício do outro. Se, por exemplo, discordo da forma de ver em algo e exponho outras nuances e aspectos que o outro interlocutor não se havia proposto, em vez de perceber que isto é apenas por uma perspectiva de observação distinta, ele identifica em mim uma qualidade especial, o ser poeta, para se defender de não ter visto da mesma forma – o que não é falta nenhuma – como se algo se manifestasse como graça divina para o poeta.

Entretanto, nem sempre são complacentes; nem sempre são bons os ventos que me sopram. Citam um verso de alguém que eu não conheço e espantados questionam: “Como você, que é poeta, não conhece?”. Em seguida, ao meu desconhecimento comumente vêm seguros em minha defesa: “Você conhece sim, só não está lembrado.”

Ou impõem essencialidades e afirmam confiantes: “você que é poeta sabe que...” Constrangem-me a concordar e obrigam-me a constranger se não condigo com essas características, com essa tal mente ou pensamento geral dos poetas que me impelem a saber ou concordar que.

Pergunto-me se há alguma espécie de estatuto do poeta, direitos e deveres fundamentais especiais, regras específicas para se ser poeta, uma essência do poeta que inclui uma série de exigências de conheceres e aceitação de sei lá quais dogmas e, em vista disso, gozar de concessões e garantias mais amplas ou de outra ordem. Pergunto-me se a poesia depende de classificações, determinadas leituras obrigatórias, escolas, correntes, etc. Se sim, chegaremos a um problema de “poesia original”, a primeira, sem nenhum desses pré-requisitos. Sinceramente, não compreendo.

Então, amigos, escrevo-lhes este recado:

Não sou poeta. Nunca me afirmei poeta. Já até, em vão, tentei descobrir o que seria. Drummond diz que não é poeta quem escreve por dor de cotovelo ou esporádico contato com as forças líricas; que se deve escrever com esforço, suor, trabalho e retrabalho, por ofício. Como vou discordar? Afinal, foi Drummond! Eu, todavia, faço tudo o contrário. Escrevo se me dói. Escrevo se me vem de repente uma sensação que me domina e me utiliza para imprimir-se no papel. Além disso, não tenho paciência para pensar em palavras, para trocar versos e não consigo levar mais que vinte minutos para aprontar um poema. Quando da publicação eu até dou mais uma olhada, é verdade, confiro a pontuação, mas são retoques, meros detalhes. Nada essencial.

Até hoje não li “Os Lusíadas”, “Ilíada” ou “Divina Comédia”. Confesso que acho extremamente chato “Espumas Flutuantes”. Sou suficientemente herege para, afastando-me dos versos, afirmar que Guimarães Rosa é enfadonho; que não prendeu minha atenção até o fim “Orgulho e preconceito”; que o tal Dom Quixote é intragável e que as partes boas dos dois volumes são poucas, preferindo eu, então, a versão resumida, para-didática, para crianças. Apenas acometeu-me o acaso de apreciar umas literaturas que nem faz sentido citar, pois não me absolveria do crime de ainda não ter lido “1984”, que acho deve ser interessante e seria o livro que as pessoas mais mentem que já leram. Lerei, pretendo. Mas ainda não li!

Ah, vocês que tiveram estômago e não se enojaram por completo até agora, preparem-se para, aliando-se aos demais, que já interromperam a leitura, decretarem-me a pena capital, aterrados por minha derradeira confissão. Não gosto de poesia. Isso mesmo! Não gosto de poesia!

Não gosto de poesia telegramática, que em palavras soltas quer esconder um ‘mistério’; que quer ser profética e camufla o que quer dizer, se é que há algo. Parece-me querer se atribuir um valor que não tem, uma qualidade de gênio incompreendido a quem escreve e uma tal capacidade metafísica a quem gosta. Quem crê não haver sentido naquelas coisas se envergonha por não ter conseguido entender e corre o risco de dizer gostar para não ser mal visto.

Além disso, não gosto de poesia prolixa ou pernóstica. Detesto aquelas que tanto se esmeram em palavras pomposas e termos de poesia; que muitas vezes por trás da beleza da forma, pela riqueza vocabular e pela série de inversões, penumbrado em métricas clássicas, esconde que pouco ou nada tem a dizer.

Entenderam? Não posso ser poeta porque poeta para ser poeta tem que gostar de poesia, não? Se não gosta, o que escreve é outra coisa. Escreve de outro modo se necessitar escrever, creio. Talvez eu tenha em algum momento escrito essas tais poesias. Mas, foi por acaso ou por não o saber ou poder impedir. Se o fiz, não gosto.

Por último, e sobretudo, tenho certeza que não gosto de poesia – às vezes detesto! – quando estou em um bar da lapa, na Cinelândia ou caminhando pela Av. 1º de Março e alguém com uma série de papéis recortados, com letra impressa neles, me interrompe e pergunta: “Você gosta de poesia?”

27-11-12