Atrás
desta porta que fecho,
que se
fecha atrás de mim,
guardarei
muitos dos melhores momentos
que a
vida comporta.
Mas eis
que é necessário cerrar
pois
que a forte corrente de ar
poderia
vir a lançar ao chão
tudo
que enfeita as prateleiras
desse
quarto passado ante a partida.
Do lado
de fora o corredor
com
tantas portas e quartos
me
observa o peso do peito,
o
difícil respirar e os passos titubeantes.
Mas ao
fim dessas paredes velhas
que
me estreitamo caminho e me apoiam
há
outra porta, cujo vidro só me permite
ver as
cores sem formas do outro lado.
Então
o espaço opressivo desta caixa de metal
agride-me
mais que de costume
ao me
reportar a mim mesmo
em sua
superfície objetiva e reluzente.
Enfim,
quando consigo abrir
a
pesada porta da saída de emergência,
e tal
qual navio sem bússola
que não
sabe onde está porém necessita atracar,
aporto
no mundo ousadamente real
no
qual os pássaros cantam,
a
cidade corre sem se importar
e a
vida segue,
mesmo
que hoje o sol tenha esquecido de brilhar,
apesar
de mim.