Escrever poesia
Ou fazer qualquer tipo de arte
É estar atento a tudo
E passar aos outros,
Seja sentimento ou fato,
Aquilo que sentem ou veem todos
Como se fosse a primeira vez
Que tal coisa acontecesse.
É ressaltar as nuances
Dos aspectos mais discretos
E presentear a todo mundo
Com aquilo que acontece
Na alma do artista.
Pinta-se belo o mar
E leva-o para quem nunca o viu,
Mas mostra um novo
Para quem já desacostumado
O vê todo dia mas não nota
Toda a magia que aquilo denota.
Uma obra de arte é sempre hipérbole,
Seja da perspectiva individual
Daquilo que se vê, pensa ou sente,
Seja hipérbole do “real”.
Não importa se critica ou admira.
O que se sobressai é o exagero
Ainda que contra a vontade.
Mesmo que se queira chocar
Resgatar o antigo, inovar, ser diferente.
É tudo sempre exagero igual.
Excesso de forma ou ausência dela.
Rigidez ou transgressão,
É sempre hipérbole de uma impressão
Para tentar demonstrar o inexplicável,
Para dizer o que não se entendeu,
Para cantar o próprio silêncio,
Para registrar a experiência singular
Da vida de cada um todos nós.