Não chore, pois a vida vale nada;
Quanto mais lágrimas derramadas!
O que você como amor perdido julga
É na verdade do interesse egoísta a fuga.
Esqueça essa de confiar em alguém.
Ninguém, senão você, quererá seu bem.
Todos só aguardam, de se beneficiar, o ensejo.
Esse é o impulso que nas pessoas vejo.
Você agora, só, na solidão se encerra.
Mas mesmo fora do quarto, por toda a Terra
Se buscar por alguma relação sincera,
É melhor não caminhar. Senta e espera.
Sendo você também uma pessoa,
Não deixe que seu impulso nos outros lhe corroa.
Perceba que sua crítica à atitude alheia
É muitas vezes sua alma que se espelha.
Acovarde-se mesmo. Não há ser mais pulha
Que mais ataca a si mesmo com sua própria fúria.
Mantenha-se trancado ao abrigo de casa
E poupe os outros de sua mente tão rasa.
Ora, se algo lhe incomoda, levante-se e lute.
Com atos ou palavras, desfaça o embuste!
Ou então lastime-se cordato, vil. Ore
Para que a vida em findar-se não demore.