domingo, 12 de julho de 2015

De Porta em Porta



Atrás desta porta que fecho,
que se fecha atrás de mim,
guardarei muitos dos melhores momentos
que a vida comporta.

Mas eis que é necessário cerrar
pois que a forte corrente de ar
poderia vir a lançar ao chão
tudo que enfeita as prateleiras
desse quarto passado ante a partida.

Do lado de fora o corredor
com tantas portas e quartos
me observa o peso do peito,
o difícil respirar e os passos titubeantes.

Mas ao fim dessas paredes velhas
que me estreitamo caminho e me apoiam
há outra porta, cujo vidro só me permite
ver as cores sem formas do outro lado.

Então o espaço opressivo desta caixa de metal
agride-me mais que de costume
ao me reportar a mim mesmo
em sua superfície objetiva e reluzente.

Enfim, quando consigo abrir
a pesada porta da saída de emergência,
e tal qual navio sem bússola
que não sabe onde está porém necessita atracar,
aporto no mundo ousadamente real
no qual os pássaros cantam,
a cidade corre sem se importar
e a vida segue,
mesmo que hoje o sol tenha esquecido de brilhar,
apesar de mim.

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